Em meados da década de 1940, conheceu Maria do Céo, jovem normalista e que pertencia à família Sá Peixoto, com algum relevo na cidade. Céo, como a chamava, era nove anos mais nova que ele, já que nascera em 16 de julho de 1928. Após um rápido namoro e noivado, a jovem que tinha planos de formar-se em Educação Física – o que a obrigaria a deslocar-se para o Rio de Janeiro -, decide-se pelo casamento e pela vida doméstica, seguindo os ditames da época. Casaram-se em 24 de maio de 1948, iniciando uma vida em comum que duraria por quase cinquenta anos.
Como bem lembram suas filhas e filhos, Maria do Céo exerceu uma papel central na vida do marido, que ia para além dos afazeres da casa e dos cuidados com os filhos: “Ela recebia os intelectuais, passava a noite dividindo as conversas. Pedíamos para ela ir dormir, em vão. Não arredava o pé”, diz uma delas.
Ajudava também na organização da biblioteca, uma tarefa frequente já que, com o tempo, o acervo crescia exponencialmente. Articular temas, títulos, autores era a tarefa principal. Era prática corrente que Geraldo Pinheiro comentasse com ela suas pesquisas, lendo frequentemente o que escrevia e também o que lia. Quando, nos últimos anos ele passou a ter dificuldades de ler, ela fez-se seus olhos, atendendo pacientemente suas demandas nessa área, e que também incluíam a leitura diária de de até quatro jornais . Nesse mister não era leitora passiva; comentando, opinando e tomando posição sobre os diversos temas que vinham à baila.
Com os filhos e filhas não foi menor sua atuação, dedicando-lhes a atenção irrestrita, os aconselhando e corrigindo sempre com brandura. Paciente, jamais alterava a voz, e se impunha pelo comportamento ético e pela retidão moral que era o traço maior de seu caráter. Amou cada um de seus filhos e filhas sem distinção e o fez intensamente, tornando mais dolorosa sua partida. Maria do Céo Sá Peixoto Pinheiro faleceu em São Paulo, em 25 de julho de 1996, vítima de um aneurisma aórtico, apenas quatro meses depois do falecimento daquele que foi o único amor de sua vida.
Geraldo de Macêdo Pinheiro 