
Nascido em 28 de maio de 1920, Geraldo de Macêdo Pinheiro teve uma infância humilde, vivida, em maior parte, na Rua Vinte e Quatro de Maio, no centro de Manaus, onde sua mãe instalou a pequena escola que, por muitos anos, respondeu pelo sustento da família. Geraldo Pinheiro fez seus estudos no Colégio Dom Bosco, bacharelando-se em 1937. Já ali demonstrava seu pendor para a leitura e para o conhecimento, como reconheceria anos depois, Arthur Reis, que ali foi seu professor.

Jovem ainda ingressaria na Faculdade de Direito, enquanto ganhava o sustento como jornalista, trabalhando nas redações de alguns jornais da cidade. No Jornal do Comércio, onde o pai trabalhara uma década antes, ingressou com 22 anos. No exemplar de 2 de fevereiro de 1943 que guardou em sua hemeroteca, aparece assinalado: “Deste número de jornal em diante já está um pouco de meu suor”. Ali fez fez carreira promissora, chegando a atuar como secretário de redação. A mudança profissional definitiva ocorre logo após bacharelar-se em Direito, submetendo-se com sucesso à concurso para a Promotoria Estadual do Amazonas. Nela, atuou inicialmente em Fonte Boa, depois Parintins e Itacoatiara, até transferir-se para Manaus. Na capital ocupou por anos a função de Subprocurador e de Procurador Geral de Justiça nas administrações de Plínio Coelho e Gilberto Mestrinho. Embora tenha se dedicado prioritariamente ao Ministério Público, ocupou temporariamente outros cargos administrativos, sendo o mais importante o de subsecretário e, a seguir Secretário de Estado de Interior e Justiça, no Governo João Walter de Andrade (1971-1974).


Após sua aposentadoria em 1976, ocupou outros cargos e funções, como o de assessor jurídico da URBAM, órgão vinculado à Prefeitura Municipal de Manaus, e o de Diretor de Secretaria da Procuradoria da República no Estado do Amazonas. Em paralelo, continuou a se dedicar às suas leituras e pesquisas. Foi membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e do Conselho Estadual de Cultura. Nos anos sessenta, eleito para a Academia Amazonense de Letras, recusou a honraria por não se considerar, como disse, um beletrista. Alcançado desde meados dos anos 1980 por doenças que o limitavam a ação, recolheu-se um pouco mais à de sua vida familiar, enriquecida pela chegada de seus netos e netas. Faleceu em 25 de março de 1996.

A origem maranhense
A origem de Geraldo Pinheiro é humilde. Seu pai, filho de ex-escrava, nascera no Maranhão em no dia 8 de novembro de 1890, na pequena cidade de Barra do Corda. Raymundo Nonato Pinheiro, mudou-se para Manaus ainda novo, em 1911. Foi nessa cidade que conheceu Diana Maria Teixeira de Macêdo, também maranhense, com quem se casaria em 19 de maio de 1915. Professora, Diana Pinheiro exerceu o magistério ao longo de toda sua vida. Após sua morte, a cidade reconheceria sua dedicação ao ensino, dando seu nome a uma escola estadual. Raymundo Nonato Pinheiro envolveu-se ativamente com o jornalismo e o mundo das letras, atuando em importantes órgãos de imprensa tanto em Manaus, quanto no Rio de Janeiro, para onde se deslocou por nove anos. Como escritor, escreveu diversos contos e romances, deixando muitos deles por publicar. Faleceu em Manaus em 15 de outubro de 1938, quando tinha apenas 48 anos.
O irmão, as irmãs, os filhos e filhas
A família estruturada por Raymundo Nonato e Diana Pinheiro em Manaus incluía ainda um irmão, homônimo de seu pai, e três irmãs, sendo elas as gêmeas Araci e Iracema, e Amazonina Melo, “de criação”, como se dizia à época.
Nonato Pinheiro (filho) herdaria do pai o veio literário e o pendor para as letras, cultivando-as em associação com o sacerdócio, abraçado logo no início de sua vida adulta. Com os anos, Pe. Nonato, como passou a ser conhecido, tornou-se linguista exímio e um dos mais importantes filólogos do país.

Integrando tanto a Academia Amazonense de Letras e o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, deixou extensa e diversificada obra que se espraiou por livros, artigos e copiosa crônica jornalística. Parte da trajetória familiar recuperada neste site, foi, inclusive, recuperada de seus escritos.
Nos anos 1980, Geraldo Pinheiro tomou conhecimento da existência de uma outra irmã, Maria das Dores, fruto de uma segunda união que seu pai estabeleceu ao longo dos nove anos em que viveu no Rio de Janeiro. Conhecê-la pessoalmente e com ela conhecer um pouca mais da vida de seu pai, foi para ele verdadeira felicidade.
Geraldo Pinheiro e Maria do Céo constituíram uma família grande, com onze filhos, deixando um pouco do melhor de si em cada um deles e incutindo-lhes importantes valores éticos e morais, como a valorização do respeito ao próximo, do conhecimento e da cultura. Tendo a graça de pegar em seus braços os netos e netas, e de transmitir o carinho que haviam feito com cada um de seus filhos, partiram em 1996 para a história e para as lembranças daqueles que os conheceram em vida, que os amaram e respeitaram por todo um legado que não pode ser esquecido.













